BIOGRAFIA
Bronislaw Kasper Malinowski ,antropólogo polaco, nasceu na Cracóvia em 7 de abril de 1884 e faleceu em 16 de maio de 1942, em New Haven, EUA. Era filho de Lucjan Malinowski, professor de filosofia e linguística da Universidade de Cracóvia. É considerado um dos fundadores da antropologia social. Malinoswki chegou à antropologia por caminhos transversos. Sua formação inicial foi no campo das ciências exatas, tendo obtido em 1908 o doutoramento em física e matemática pela universidade de Cracovia, sua cidade natal. Nessa época tinha apenas 24 anos de idade. Teve que interromper sua carreira cientifica logo depois de formado, por motivos de saúde. Impedido de trabalhar leu, como distração, a famosa obra de Sir James Frazer, The Golden Bough, que o atraiu definitivamente para a antropologia e que exerceu influência profunda em sua formação. Dirigiu-se então para Leipzig onde, em breve permanência, iniciou-se em sua nova vocação sob a orientação de Karl Bucher e Wilhelm Wundt. Em 1910 já estava na Inglaterra, tendo sido admitido na London School of Economics como aluno de pós-graduação. Em 1913, publicou a obra “The Family Amoong the Australian Aborigenes”, criticando o evolucionismo. A partir de 1915, redigiu a primeira monografia etnográfica na Nova Guiné, deste estudo originou-se a obra “Os Argonautas do pacífico oeste”, publicado em 1922. Além do pacífico, trabalhou com tribos da Austrália, do Arizona, da África oriental e do México. Como teórico, é considerado o fundador do funcionalismo, escola antropológica que pretende analisar as instituições sociais em términos de satisfações coletivas de necessidades, considerando cada sociedade como um sistema fechado e coerente; por este motivo se opõe a aplicação reducionista do pensamento evolucionista da época. Desenvolveu um método de investigação de campo, na qual executou inicialmente na Austrália com os povos Mailu e das Ilhas Trobriand. Malinowski Além de seu trabalho de campo, lecionou na Universidade de Londres, Universidade de Cornell e de Harvard.
FONTES TEÓRICAS
A publicação, em 1899, das investigações desenvolvidas por Spencer e Gillen entre os aborígines australianos demonstrou as grandes potencialidades do trabalho de campo e a importância das informações obtidas por meio de observação direta para a resolução dos problemas teóricos colocados pela antropologia. Só essa obra inspirou pelo menos três grandes trabalhos(...): As formas elementares da vida religiosa de Durkmeim(1858-1917), Totem e Tabu, de Freud(1856-1939), e A família entre os aborígenes australianos, o primeiro livro de Malinowski, todos publicados em 1913.
Os primeiros trabalhos de Malinowski,assim como os de Radeliffe-Brown têm, sem duvida uma forte influência de Durkmeim, que forneceu a ambos a formulação inicial dos conceitos de função e de integração funcional.Com os quais essa nova geração de antropólogos procurou construir um método próprio e chegar a uma nova teoria antropológica.
A crítica contra a abordagem antifuncional presente em Malinowski foi desenvolvida devido a uma grande influência absorvida da obra de Durkmeim, (tipo primitivo da divisão do trabalho social e a análise da religião e magia), essa mesma influência causada pelas idéias de Durkheim em Malinowski foi provocada em Radeliffe-Brown acerca do funcionalismo e com isto os Antropólogos costumam dizer que Malinowski e Radcliffe-Brown são os percussores do funcionalismo na antropologia. Todavia Malinowski atribui investigações antropológicas funcionais na época evolucionista. Assim, as considerações de Malinowski levam a crer que ele não se situa como o pai do funcionalismo, mas como o pioneiro de um “Funcionalismo Etnográfico” ou “Etnografia Funcionalista” na antropologia, até porque Radcliffe-Brown era Estrutural-Funcionalista.
CONCEITOS
Funcionalismo
Segundo Malinowski o funcionalismo preocupa-se com a clareza dos fenômenos naturais, antes que estes sejam submetidos a manipulações especulativas posteriores.
Cultura
A cultura é um sistema que envolve a totalidade do substrato material de um povo, isto é, os objetos,as atividades e atitudes, no qual cada uma das partes existe como um meio para um fim. É uma totalidade em que os diversos elementos são integrados, e tais atividades objetos e atitudes, estão organizadas em torno de tarefas em instituições como a família, e a cultura que podem ser analisadas sobre diversos aspectos como, a educação, controle social, economia, sistemas de conhecimento, crença e moral . O processo cultural envolve sempre seres humanos que se relacionam entre si, de maneira precisa e organizada num sistema de cooperação para o alcance de um fim.
Função em Malinowski
Refere-se ao papel que joga um aspecto em relação ao resto da cultura e em última instância, orientado sempre a satisfação das necessidades humanas, isto é, a sobrevivência. No conceito de função também é considerado a relação existente entre o objeto, a sua utilidade ( ou funcionalidade) e os grupos que farão uso desse objeto, tendo sempre como fim ultimo dessa utilidade(funcionalidade) a sobrevivência dos indivíduos ou grupos culturais. Malinowski busca com seu conceito de função uma relação direta entre o particular e o universal.
Teoria das necessidades e o KULA
Malinowski estudou alguns rituais entre os povos nativos, Trobriands comprovando assim sua teoria da necessidade. Para ele a função básica a ser exercida por tais rituais, é a de preencher as necessidades fisiológicas em primeiro lugar, e psicológicas, secundariamente. Nas suas observações acerca do kula o autor percebe que as regras das trocas que acontecem no kula expressam relações sociais das quais emergem o poder, os mitos, os aspectos econômicos, etc. Ele admite o Kula enquanto fenômeno social porque observa que tal instituição do universo “selvagem” constrói um mundo repleto de significados, assim demonstra o conjunto de regras do Kula a partir das trocas do Soulava e do Mwali (braceletes brancos e colares vermelhos).
Instituição
Para o autor, as instituições são os núcleos de ordenação e correlação da totalidade integrada dos elementos da cultura. As instituições se apresentam como limites ‘naturais’, ou seja, são estabelecidas pela própria cultura. E não é o somatório dos aspectos da cultura, mas sim a sua síntese, sendo ainda unidade multidimensional.
Sexo e cultura
Malinowski foi o primeiro antropólogo de campo a observar a representação fisiológica da reprodução na representação de uma sociedade tradicional, onde a grande peculiaridade residia na ampla liberdade sexual entre os nativos. A ênfase atribuída por ele a um aspecto considerado subjetivo na pesquisa de campo o aproximou da lógica e da importância da fertilidade num sistema social diferenciado e matriarcal. Malinowski captou as conversas nativas sobre o poder da reprodução humana, desempenhado pelo corpo feminino juntamente com o mundo espiritual (o Baloma), em detrimento do conhecimento da paternidade fisiológica dos nativos. Para ele o comportamento do trobriandês não é nem irracional nem imoral, mas coerente e compreensível dentro das premissas da cultura trobriandessas.
TRABALHO DE CAMPO
Malinowski chegou a Port Monesby depois de passar pela Austrália já em pleno inicio da Segunda Guerra mundial, o que lhe causou dificuldades adicionais, por ser austríaco e assim cidadão inimigo. Só retornou à Inglaterra depois do fim do conflito. Essas dificuldades políticas acabaram por contribuir para sua longa estadia no campo.
Retornou para a Austrália em 1915 e obtendo mais recursos mediante a boa vontade de Seligmam, dirigiu-se novamente para o campo, desta vez para os arquipélagos que se estendem a noroeste do extremo oriental da Nova Guiné, fixando-se nas Ilhas Trobriand, onde permaneceu de junho de 1915 a maio do ano seguinte.
De volta à Austrália dedica um ano e meio ao estudo do material etnográfico coletado.
Planejado ou não, esse interregno entre duas extensas permanências em campo revelou-se extremamente frutífero para Malinowski.
Eunice Ribeiro Durham(1932)enfatiza que B. Malinowski colhia dados de maneira bastante segura, assim pode ser entendido o porquê do abandono sobre a idéia da incoerência na vida primitiva entre os pesquisadores após ter ele apresentado seu trabalho. Malinowski atribui a incoerência da vida primitiva à falha de observação passadas, e a partir disso reconstruiu um universo específico de outra cultura repleta de significados (DURHAN: 1986: 10). Ainda segundo Durhan, Malinowski levava em consideração na análise não só a ação, mas também a representação da ação, atingindo os verdadeiros significados dos fenômenos culturais quando mostra uma unidade multidimensional como fato social.
A pesquisa de Malinowski junto as Ilhas Trobiands fez dele um inovador na forma em coletar dados de campo, a partir dele a pesquisa social adquiriu um caráter mais envolvente com o objeto de pesquisa estudado e o pesquisador passou a participar diretamente do cotidiano social observado. Malinowski dedicou boa parte da vida na observação etnográfica, coletando dados que por ele eram vivenciados, correlacionados e entendidos, influenciando as ciências humanas, tanto na geração de pesquisadores contemporâneos a ele quanto em geração de pesquisadores posteriores, principalmente por ter ele percorrido diversos campos do saber em suas observações de campo.
Malinowski observou o campo sob domínios de conhecimento advindos da psicologia, da economia, da religião, da sexualidade, entre outros saberes das ciências humanas. Essa característica própria de tentar tratar de tantos assuntos ligados à vida do homem no meio social advém de um longo tempo de trabalho etnográfico. Estranho seria se um Antropólogo passasse diversos anos convivendo cotidianamente com o seu campo de estudo e se limitasse apenas a tratar de um único assunto ou observar um único fato. O olhar Antropológico de Malinowski não se contentaria em limitar as observações de campo e por isso, muitas vezes, parte de suas teorias foram menos acabadas. Porém qualquer consideração que destrate a importância reconhecida de Malinowski dentro das Ciências Sociais são meramente desconhecedoras do impulso funcional aos dados descritivos que seu trabalho promoveu ou simplesmente não reconhece a façanha antropológica que ele elaborou estando em campo .
OBRAS
The Family Amoong the Australian Aborigenes (1913)
Crenças e costumes nativos sobre procriação e gravidez (1914)
Os Argonautas do Pacífico Ocidental (Argonauts of the Western Pacific, 1922)
The Scientific Theory of Culture (1922)
Crime e Costume na Sociedade Selvagem (Crime and custom in Savage Society, 1926)
Sex and repression in Savage Society (1927)
The Sexual Life of Savages in North-Western Melanesia (1929)
Coral Gardens and Their Magic: A Study of the Methods of Tilling the Soil and of Agricultural Rites in the Trobriand Islands (1935)
Magia, Ciência e Religião (Magic, Science, and Religion, 1948)
The Dynamics of Culture Change (1961)
Fontes:
Durham, Eunice Ribeiro. Bronislaw Malinowski: antropologia. São Paulo: Atica, 1986.
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/360252/Bronislaw-Malinowski
http://pt.wikipedia.org/wiki/Malinowski
http://antropologia1.blogspot.com/2005/01/biografia-bronislaw-malinowski.html
MALINOWSKI, Bronislaw. Uma teoria científica da cultura. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 1970. (Capítulos 2, 3 e 4)
MALINOWSKI, Bronislaw. Vida e Obra. São Paulo: Abril Cultural, 1978.( pags VI e VII)
Muito interessante esse artigo.
ResponderExcluirMuito interessante esse artigo.
ResponderExcluirpow mano legal
ResponderExcluirMuito bem explicado.
ResponderExcluirMuito bem explicado.
ResponderExcluirAdorei.
ResponderExcluir:/
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirFalou tudo ksks
ResponderExcluirQue desgraça é essa bem
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