Segundo Laplantine (1988), a antropologia britânica pode ser caracterizada como:
1) antievolucionista: oposição a uma compreensão histórica do social (as reconstruções hipotéticas dos estágios, indo das sociedades “primitivas” às “civilizadas”, bem como a abordagem da historiografia). Dedica-se preferencialmente à investigação do presente a partir de métodos funcionais (Malinowski), e, em seguida estruturais (Radcliffe-Brown): a sociedade deve ser estudada em si, independentemente de seu passado, tal como se apresenta no momento no qual a observamos. Modelo sincrônico;
2) antidifusionista; uma sociedade não deve ser explicada nem pelo que herda de seu passado, nem pelo que empresta a seus vizinhos;
3) de campo: esse caráter empírico (observação direta de uma determinada sociedade, a partir de um trabalho exigindo longas estadias no campo) e indutivo da prática dos antropólogos ingleses apóia-se numa longa tradição britânica: o empirismo dos filósofos desse país;
4) e social: pois ao contrário da antropologia americana, privilegia o estudo da organização dos sistemas sociais em detrimento dos comportamentos culturais dos indivíduos.
Para Eriksen e Nielsen (2010), Malinowski e Radcliffe-Brown fundaram duas “linhagens” na antropologia inglesa que competiam diretamente em alguns aspectos e complementarmente em outros. Em 1930, havia efetivamente apenas um centro acadêmico da nova antropologia na Grã-Bretanha, com sede na London School of Economics e dirigido de 1924 a 1938 por Malinowski, sob o olhar de Seligman. Na LSE Malinowski ensinou a quase toda a geração seguinte de antropólogos britânicos: Firth, Evans-Pritchard, Fortes, Leach dentre outros nomes ilustres. Em Oxford, a velha guarda reinou até meados da década de 1930, quando Evans-Pritchard e depois Radcliffe-Brown chegaram para construir um refúgio para o estrutural-funcionalismo. A década de 1940 na Grã-Bretanha pertenceu a Radcliffe-Brown, a Oxford e a um estruturalismo sociológico. Havia, portanto, na antropologia britânica, um grupo centrado em Oxford e outro sediado na London School of Economics, mas tanto Malinowski como Radcliffe-Brown exerceram uma influência duradoura sobre a antropologia social: os métodos de campo de Malinowski foram adotados por membros do outro campo e todos tiveram que levar em consideração os conceitos de estrutura e função e a conseqüente “ciência do parentesco” de Radcliffe-Brown durante pelo menos uma década depois de sua morte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ERIKSEM, Thomas Hylland Eriksen; NIELSEN, Finn Nielsen. História da Antropologia. 4 ed. Petrópoles: Vozes, 2010.
LAPLANTINE, F. Aprender antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1988.
Material muito bem organizado, com imagens e textos que ajudam uma compreensão dos principais temas e temas de estuda da antropologia funcionalista britânica.
ResponderExcluirMaterial muito bom para introduzir o leitor no conhecimento sobre os autores clássicos da Antropologia Britânica. O conteúdo é relevante e a apresentação muito bem feita.
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